Matheus Tomas de Araújo veio de Brasília para Anápolis aos 10 anos com sua família, já que sua mãe queria morar em outro lugar em que tivessem uma vida diferente e mais oportunidade de trabalho e, hoje, aos 30 anos, ele não pensa em sair da cidade tão cedo. Atualmente, morando no Bairro Jaiara, ele trabalha como agente de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em horário comercial, das 8h às 17h, e gosta de Anápolis por ser “bem tranquila”.
“Fica entre ser uma cidade grande e ser uma cidade pequena. Você não vê a monotonia de uma cidade pequena, mas também não vê o caos de cidade grande. Isso me pega mais para continuar morando aqui. Se eu quero ir pra outro bairro, eu não demoro muito, e há opções de alimentação diversificadas”, afirma Matheus. Para ele, porém, a mobilidade urbana da cidade é o que deveria melhorar. “Alguns semáforos, ou algumas opções para desafogar o trânsito em certos momentos. Pois além de ser agente de pesquisa, eu trabalho como motorista de aplicativo cerca de duas horas por dia e vejo um certo descaso nessa área”, completa.
Essa é a realidade de Matheus e, certamente, de milhares de outras pessoas que moram em Anápolis. Dados mostram que Anápolis está entre os municípios que aumentaram de população nos últimos anos e é a terceira cidade com mais Microempreendedores Individuais (MEIs) em Goiás.
Para se ter uma ideia, mais de um terço dos municípios goianos encolheu nos últimos 13 anos, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve queda na população em 91 das 246 cidades do estado, enquanto Anápolis, neste mesmo índice, chegou a 398.817 moradores, ganhando 64.205 novos “cidadãos” em relação a 2010.
Sobre empreendedorismo também há destaque. Dados atualizados da Junta Comercial de Goiás (Juceg) revelam que o município conta com 34.989 MEIs, ocupando a terceira colocação no ranking estadual, atrás apenas de Goiânia e Aparecida de Goiânia. O número total de empresas ativas na cidade chega a 52.268, sendo 47.081 microempresas e 2.802 empresas de pequeno porte, que juntas representam mais de 95% do tecido empresarial local.
A análise jurídica desses empreendimentos revela que a maioria é composta por Empresários Individuais (33.567), com Sociedades Limitadas (18.232) em segundo lugar. Essa distribuição reflete a vitalidade da economia de Anápolis, sustentada especialmente por pequenas e médias empresas. Segundo analistas, a expansão do segmento no município está associada à posição geográfica favorável, à variedade de atividades econômicas e à agilização dos trâmites para abertura de negócios.
Claro que os dados fazem parte da proporção, já que Anápolis também é a terceira cidade com mais moradores no estado, porém, a geografia do local, por si só, justifica como o município cresceu tanto. Enquanto Goiânia é a maior cidade de Goiás por ser a capital e Aparecida de Goiânia é a segunda mais populosa por estar colada a Goiânia, Anápolis cresceu por sua localização privilegiada e estratégica: fica entre a capital do estado e a capital do Brasil, Brasília, o que permite rápido acesso a ambas.
Junto da localização, ainda existe a economia acessível que se reflete em diversos aspectos do dia a dia. O mercado imobiliário oferece opções de moradia com preços abaixo da média de outras cidades de porte similar e muito abaixo de Goiânia e Brasília, por exemplo. Alimentação, transporte e outros gastos essenciais também apresentam valores competitivos, permitindo que os moradores mantenham um padrão de vida confortável. O sistema de transporte público, apesar de ser um dos pontos com mais críticas, contribui para reduzir custos diários, enquanto o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) fortalece a economia local através da geração de empregos e atração de investimentos.
Além dos aspectos econômicos, Anápolis investe constantemente em qualidade de vida para seus habitantes. A infraestrutura urbana inclui serviços públicos de saúde e educação de bom nível, complementados por diversas opções de cultura e lazer. Museus, parques e eventos regulares enriquecem o cotidiano dos moradores. A cidade também tem avançado em iniciativas sustentáveis, com áreas verdes que promovem a conservação ambiental e oferecem espaços para atividades ao ar livre.
É o que confirma o programador Lucas Alves de 28 anos, que hoje mora em Anápolis, no Bairro Jundiaí, mas se formou em Goiânia e trabalhou com carteira assinada em trabalho presencial por quatro anos na capital, quando viu uma oportunidade de trabalho que mudaria sua vida: passou em um processo seletivo para uma vaga de trabalho remoto, que pagaria mais que o dobro do que seu salário atual, mas que exigiria dele abandonar os benefícios da CLT, fazer um CNPJ e trabalhar como MEI.
“Pesquisei por alguns dias se seria algo que valesse a pena e cheguei à conclusão que sim. Acredito que fiz uma boa escolha, pois é algo que já faço há dois anos e me vejo fazendo por muitos mais”, afirma Lucas. Atualmente, esse trabalho ao qual ele se refere, é para uma empresa de comunicação canadense. A história de Lucas é contada justamente porque ele afirmou que nunca gostou de cidade grande, mas viu que Anápolis era uma boa opção por vários motivos.
“Aluguel mais barato em comparação a Goiânia, perto de Brasília onde posso conseguir voos mais em conta, já que posso viajar bastante por conta do meu trabalho remoto além da tranquilidade que é morar em Anápolis. Entendo que há muitos pontos a serem melhorados, como o transporte público, que é problema em qualquer todos os lugares, mas como não utilizo, não se torna um problema direto pra mim”, afirmou o programador.