Pessoas em situação de rua em Anápolis enfrentam graves obstáculos no acesso a políticas públicas efetivas. A constatação foi o ponto central da audiência pública promovida pela Câmara Municipal, nesta quinta-feira (10), por iniciativa da vereadora Capitã Elizete. O encontro reuniu representantes do Judiciário, Executivo, Ministério Público, entidades civis e forças de segurança, com o objetivo de discutir soluções práticas para o acolhimento e reintegração social dessa população vulnerável. Apesar dos atendimentos já realizados por órgãos como o Centro Pop, os números e os relatos apresentados revelaram que os resultados ainda estão aquém do necessário.
Pessoas em situação de rua continuam à margem das políticas públicas de forma sistemática. De antemão, os participantes do debate defenderam a criação urgente de um protocolo unificado entre as instituições, incluindo a atuação direta das polícias militar e civil. A proposta é estabelecer um fluxo de ações integradas que garanta não apenas o acolhimento emergencial, mas também o acompanhamento psicossocial, acesso à saúde, educação e capacitação. Segundo Capitã Elizete, é preciso tratar a situação como uma questão de segurança pública, saúde e dignidade humana. “Precisamos de ações concretas e permanentes. Acima de tudo, precisamos de união entre os órgãos para gerar transformação real”, afirmou a vereadora.
O último dado oficial, de 2022, estimava 139 pessoas em situação de rua na cidade. Hoje, segundo a vereadora Capitã Elizete, esse número ultrapassa 300. Menos de um quarto delas são naturais de Anápolis — a maioria, conforme levantamento extraoficial citado por ela, é composta por estrangeiros.
O grupo apontou como alternativa uma colaboração entre os poderes, com reforço às redes de apoio já existentes. Além disso, os discursos reforçaram a necessidade de superar abordagens pontuais. A presidente da Câmara, Andreia Rezende, destacou que o tema vem sendo tratado com seriedade pela gestão municipal. Para ela, garantir dignidade a quem vive nas ruas é compromisso coletivo. “A política pública só funciona quando chega a quem precisa”, disse. Então, a audiência se consolidou como um marco importante para o início de uma articulação mais ampla. Mas, como apontaram os presentes, o êxito dependerá do cumprimento das propostas com ações práticas e continuidade nos debates. O desafio, agora, é transformar as intenções em resultados visíveis nas ruas da cidade.