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PrEP injetável amplia prevenção entre jovens, aponta Fiocruz

Nova modalidade mostrou maior adesão e proteção, com destaque para minorias sexuais e de gênero


Dhayane Marques Por Dhayane Marques em 15/04/2025 - 19:39

Estudo da Fiocruz mostra que PrEP injetável tem maior adesão entre jovens, ampliando cobertura de prevenção ao HIV no Brasil. Foto: Reprodução

Um estudo apresentado na 32ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), em São Francisco (EUA), revelou que a PrEP injetável de longa duração tem potencial para revolucionar a prevenção do HIV no Brasil. A pesquisa, conduzida pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde, acompanhou 1.447 jovens de populações vulneráveis e mostrou que a modalidade injetável teve taxa de cobertura de 95%, frente a 58% da PrEP oral. Acima de tudo, os dados indicam que a adesão é significativamente maior com a versão injetável, o que pode ampliar o alcance da profilaxia no país.

De antemão, o levantamento revelou que 83% dos participantes optaram pela PrEP injetável com Cabotegravir, reforçando a preferência por soluções que exigem menos frequência de uso. A cada dois meses, os usuários recebem a aplicação, reduzindo o risco de falhas na prevenção por esquecimento ou interrupção. Além disso, 94% dos que optaram pela injeção mantiveram o cronograma em dia, com apenas 6% abandonando o estudo. A comparação com usuários da PrEP oral no SUS mostrou cobertura ainda menor, de apenas 48%, o que reforça a importância da nova tecnologia.

PrEP injetável também demonstrou eficácia prática: não houve registro de infecção por HIV entre os usuários da modalidade injetável durante o estudo. Já entre os grupos que utilizaram a PrEP oral, foram registradas nove infecções. A infectologista Beatriz Grinsztejn, da Fiocruz e principal pesquisadora do projeto, afirmou que “a cobertura foi muito alta em comparação à PrEP oral, o que é corroborado pelo fato de não termos registrado infecções pelo HIV entre as pessoas que usaram a PrEP injetável”.

O estudo foi realizado em seis cidades brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador, Manaus e Campinas – e focou em pessoas de 18 a 30 anos, incluindo gays, bissexuais, trans e não binárias. Desde já, os pesquisadores destacam que a implementação do Cabotegravir no SUS pode beneficiar quem tem dificuldade de seguir tratamentos diários. Além disso, o protocolo permitiu a troca de modalidade, o que mostra flexibilidade e potencial de adaptação às preferências dos usuários.

O ImPrEP CAB Brasil é o maior estudo sobre PrEP de longa ação da América Latina. Segundo a Fiocruz, os resultados contribuem para que o Ministério da Saúde avalie a inclusão da PrEP injetável no sistema público. “A PrEP injetável pode aumentar tanto o número quanto a diversidade de pessoas protegidas contra o HIV”, reforça Beatriz. Por fim, a próxima etapa do projeto será o teste com Lenacapavir, outro medicamento injetável que poderá ser aplicado a cada seis meses. Isso reforça o papel da ciência brasileira na vanguarda da prevenção ao HIV.

Dhayane Marques

Dhayane Marques é jornalista formada pela PUC-GO. Atualmente é Diretora de Programas da TV Pai Eterno e colaboradora no jornal Tribuna do Planalto, nas editorias de cidades, educação, economia e diversão e arte.