Crimes de ódio estão no centro das investigações que resultaram na Operação Fake Monster, deflagrada neste fim de semana pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Justiça. A ação mirou uma rede nacional que atuava em plataformas digitais aliciando adolescentes por meio de perfis falsos e conteúdos violentos. Os criminosos usavam estratégias digitais para promover automutilação, radicalização e desafios com teor extremista.
Desde já, o alerta veio da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do RJ, que identificou a atuação de células digitais voltadas à incitação de condutas violentas em jovens. Então, o Ciberlab, braço do Ministério da Justiça, elaborou um relatório técnico que embasou a operação conjunta com as polícias civis de São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em cidades como Rio de Janeiro, Niterói, Cotia, São Vicente, entre outras.
Além disso, a operação foi cuidadosamente planejada para ocorrer durante eventos de grande concentração popular no Rio, sem provocar alarme entre a população. A prioridade era neutralizar possíveis riscos à ordem pública provocados por ações articuladas no ambiente virtual. Acima de tudo, o foco foi proteger adolescentes vulneráveis à manipulação digital e impedir que a violência simbólica evoluísse para crimes concretos.
O nome “Fake Monster” faz referência direta à tática usada pelos criminosos: perfis falsos inspirados em fãs da cantora Lady Gaga — os chamados “little monsters” — que escondiam intenções perigosas por trás de comunidades aparentemente inofensivas. Segundo o Ministério da Justiça, os perfis atraíam adolescentes para redes fechadas com conteúdos que promoviam crimes de ódio, autolesão e discursos extremistas. “Atuamos de forma cirúrgica para desarticular uma rede que cooptava jovens para práticas violentas”, afirmou Rodney da Silva, diretor do Diopi/MJSP.
A operação reforça a importância da vigilância digital como instrumento de proteção à infância e juventude no Brasil. Crimes de ódio travestidos de memes, desafios ou comunidades online ganham cada vez mais espaço em plataformas abertas, exigindo resposta rápida do poder público. A Polícia Civil ainda monitora outras células semelhantes em diferentes estados e alerta para o papel das famílias na observação do comportamento virtual dos adolescentes.