A sessão desta segunda-feira (2) na Câmara Municipal de Anápolis foi marcada por duras críticas da oposição ao prefeito Márcio Corrêa (PL), que viajou à Europa em meio à crise provocada pela Operação Máscara Digital. Os vereadores Domingos Paula (PDT) e Rimet Jules (PT) questionaram a postura do prefeito diante das suspeitas levantadas pela investigação da Polícia Civil de Goiás (PCGO), que investiga a difamação de pessoas em redes sociais por meio dos perfis “Anápolis na Roda” no Instagram.
Domingos reiterou a necessidade de aprofundar a apuração, inclusive com a instalação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI). “Pastores foram atacados, famílias foram atacadas, pessoas perderam empregos. Vamos realizar audiências públicas e buscar respostas. A população merece esclarecimentos”, declarou. Rimet reforçou o posicionamento e afirmou que novos indícios levaram-no a assinar o requerimento da CEI: “Depois que vieram novos fatos com indícios fortes do envolvimento do prefeito Márcio Corrêa, eu de fato assinei o requerimento reforçando o nosso compromisso com essa possibilidade de investigação com a CEI”.
Já a base governista buscou amenizar os efeitos da viagem. O vereador Jean Carlos (PL), líder do prefeito na Casa, afirmou que a ida de Márcio Corrêa à Europa foi financiada com recursos pessoais e não custou aos cofres públicos. “Não há relação com o erário. Quem se sentiu vítima deve procurar a Justiça. Estão tentando politizar um fato”, disse.
Também se manifestou o vereador Wederson Lopes (UB), que fez questão de esclarecer que se posicionou publicamente contra os ataques feitos nas redes. “Falei nas tribunas, nas redes sociais e com lideranças religiosas. Repudio qualquer tentativa de difamação. Mas sou contra uma CEI com motivação política.”
O vereador Jakson Charles (PSB), aliado de Márcio Corrêa, também saiu em defesa do prefeito e garantiu sua inocência nas acusações levantadas pela Operação Máscara Digital. Em entrevista recente, afirmou com convicção que o prefeito não está envolvido e minimizou a gravidade da investigação, comparando o caso com escândalos antigos em gestões estaduais. Mesmo dizendo ter sido um dos alvos do grupo suspeito, Jakson afirmou que não fez nem fará denúncia formal, por considerar o método usado como algo antigo. Embora tenha elogiado o trabalho da Polícia Civil, avaliou que os responsáveis, se punidos, devem receber apenas uma multa. Para ele, a tentativa de instalar uma CEI é uma ação política da oposição, sem justificativa concreta, com o único objetivo de desestabilizar a gestão.
A viagem do prefeito causou desconforto político por ocorrer no exato momento em que seu nome foi citado em um inquérito que pede a sua investigação. Mesmo sem fazer parte oficialmente da comitiva do vice-governador Daniel Vilela (MDB), Márcio Corrêa participou de parte do roteiro internacional, já que ele foi à Estônia, retornou neste último final de semana, em uma viagem política onde a comitiva continuou, indo à Finlândia e Singapura. O silêncio e a falta de explicações oficiais para a imprensa fez com que não fosse possível a divulgação de justificativas para a viagem do prefeito anapolino.
Enquanto isso, a Frente Parlamentar de Acompanhamento da Operação Máscara Digital tenta viabilizar a CEI. Até agora, cinco parlamentares mantêm apoio formal à iniciativa. Além disso, uma audiência pública sobre o caso está marcada para esta terça-feira, 3 de junho.
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