Uma academia de Anápolis está no centro de uma polêmica que ganhou repercussão nacional depois que um cliente relatou ter sido repreendido por usar uma bermuda considerada “curta demais” para os padrões do local. O tema gerou tanto burburinho que chegou a veículos de alcance nacional e mobilizou discussões sobre moralismo, vestimenta e até religiosidade no ambiente fitness.
Marcus Andrade, 42 anos, administrador de empresas, contou que viveu uma situação constrangedora na Hope Select na semana passada. Ele afirma ter sido chamado por funcionários porque outro aluno reclamou que sua roupa seria “indecente” e “provocativa”. Segundo Marcus, a conversa aconteceu diante de várias pessoas, o que o deixou constrangido. Funcionários teriam citado que o incômodo era maior durante agachamentos — movimento que ele nega ter feito no dia, já que treinava costas e abdominais.
A academia pediu que ele não voltasse mais com aquela peça. Sentindo-se censurado, Marcus decidiu cancelar a matrícula, que custava R$ 1.500 por mês. Ele também criticou o que considera um duplo padrão, dizendo que roupas curtas são normais no ambiente e que, quando usadas por mulheres, são até promovidas pela academia em redes sociais.
Em nota oficial, a academia de Anápolis, Hope Select, declarou que a orientação foi dada de forma privada e respeitosa, justificando que a peça era inadequada para certos exercícios e sugerindo o uso de bermuda de compressão por baixo. Marcus nega ter recebido essa sugestão ou sequer ter visto o contrato que incluiria essas regras.
Outro ponto que chamou atenção foi o tom religioso do posicionamento da empresa, que mencionou atuar para “agradar e honrar a Deus”. Embora tenha negado qualquer distinção de gênero ou aparência, a academia bloqueou os comentários em suas redes sociais após a repercussão negativa, o que acabou alimentando ainda mais as críticas. Marcus, por sua vez, chegou a comparar a situação com a distopia retratada em “O Conto da Aia”, acusando a empresa de tentar impor uma moral única e silenciar críticas.