Mais de 150 vendedores ambulantes de Anápolis participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal em que se mostraram resistentes à saída dos pontos na região Central da cidade. A reunião, que aconteceu na noite da última sexta-feira (21), teve, além das discussões sobre permanecer nos locais que ocupam atualmente no centro da cidade, em que resistiram sobre à proposta de transferência para outro espaço, a ideia da padronização das bancas. O evento foi convocado pelo vereador Rimet Jules (PT) e contou também com a presença do vereador Cabo Fred Caixeta (PRTB).
Rimet Jules informou que representantes da Prefeitura, incluindo secretários e diretores responsáveis pelo projeto de revitalização do centro — ainda em fase de planejamento — foram convidados, mas não compareceram. Os ambulantes relataram que, em uma reunião recente com a Divisão de Fiscalização e Postura, foram orientados a se mudarem para um local específico, visando liberar calçadas e vagas de estacionamento no quadrilátero central de Anápolis.
Wildes Ferraz, um dos representantes dos ambulantes e vendedor há 16 anos no centro, confirmou que a proposta é padronizar as bancas no local atual. Ele afirmou que os trabalhadores estão dispostos a arcar com os custos das estruturas e pagar a taxa mensal devida ao município.
Diversos vendedores presentes levantaram questões como: a sugestão de que a revitalização comece pelos atacadistas, e não pelos ambulantes; a necessidade de reforço na segurança pública; e a queda de mais de 40% nas vendas nos últimos anos, devido ao esvaziamento do centro. Também reclamaram da falta de lixeiras e destacaram que são eles mesmos que mantêm a limpeza ao redor de suas bancas. Alguns admitiram a possibilidade de mudança, desde que o novo local comporte todos os cerca de 350 ambulantes que atuam na região.
Rimet Jules destacou a importância de ouvir os vendedores para apresentar alternativas à prefeitura e ao Ministério Público. Segundo ele, a revolta dos ambulantes de Anápolis se deve à falta de diálogo prévio: “Eles se sentem indignados e, por isso, hoje a tendência é resistir e até entrar em conflito, pois não tiveram a chance de discutir o assunto antes.”
Já Cabo Fred Caixeta acredita que o plano de revitalização, da forma como está sendo conduzido, pode gerar desgaste para a cidade e os trabalhadores: “Queremos diálogo. Ouvimos ideias relevantes e defendemos que os ambulantes permaneçam onde estão.”
Ao final da audiência, foi marcada uma reunião com o promotor Alberto Francisco Cachuba Júnior, da 15ª Promotoria de Justiça de Anápolis, para o dia 1º de abril. Uma comissão de cinco vendedores foi formada para representar o grupo. Rimet Jules ressaltou que a discussão sobre a revitalização deveria ter passado pela Câmara, que está aberta ao debate e defende o diálogo. Ele espera que, após a reunião no MP, a Promotoria possa intermediar as negociações com o Executivo e o Legislativo.