A disputa pela concessão do Porto Seco de Anápolis ganhou novos contornos neste sábado (24) com a publicação de uma carta aberta da Aurora EADI, veiculada em jornal da capital. No documento, a empresa compara sua proposta tarifária à da atual concessionária, o Porto Seco Centro-Oeste (PSCO), e evidencia uma diferença expressiva de arrecadação entre as duas propostas, para alertar para concorrência desleal. Nas últimas semanas, a empresa elevou o tom na batalha jurídica e política pela operação da infraestrutura.
Segundo a carta, enquanto a Aurora apresenta uma previsão de receita anual de R$ 29 milhões, o PSCO projeta R$ 14,3 milhões, diferença superior a 100%. O destaque está na tarifa de armazenagem, item que responde por mais de 60% do faturamento dos terminais alfandegados. A Aurora propôs uma tarifa de 0,15% sobre o valor CIF da mercadoria (por 10 dias ou fração), enquanto o PSCO sugeriu 0,069% para o mesmo serviço.
No texto, a Aurora defende que a concorrência deve se dar com base em critérios técnicos e de transparência, e afirma que sua proposta garante qualidade na prestação do serviço, investimentos contínuos e sustentabilidade operacional. “Que prevaleçam a eficiência, a competitividade e a responsabilidade com quem efetivamente paga por esses serviços”, conclui a empresa.
Risco à qualidade
A publicação acontece poucos dias após uma denúncia feita pela própria Aurora, que alegou ter sido alvo de tentativa de extorsão por parte de um suposto emissário ligado ao prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL).
O advogado da empresa, Carlos Heinrich Andrade, revelou em entrevista ao programa Painel DM que foi solicitado o pagamento de R$ 7 milhões como condição para a liberação do alvará de funcionamento da empresa no município. Segundo o relato, o interlocutor teria se apresentado como autorizado a falar em nome do prefeito e chegou a oferecer gravações como prova da proposta.
A Aurora, que venceu a licitação federal em 2018 e investiu R$ 115 milhões na instalação de sua estrutura logística no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), afirma estar sendo constantemente prejudicada pela gestão municipal. A empresa denuncia que sua documentação foi encaminhada ao Ministério Público sob alegações de irregularidades, o que, segundo ela, configura mais uma tentativa de obstrução.
A reportagem procurou a Prefeitura de Anápolis, que ainda não se manifestou sobre as acusações. Também foi questionada a Receita Federal sobre o andamento do contrato com a Aurora EADI, mas o órgão não respondeu até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
Aurora EADI denuncia proposta de propina para liberação de alvará em Anápolis