A saúde mental no ambiente de trabalho ganhou um novo marco regulatório no Brasil em 2025. Com a implementação de uma Norma Regulamentadora (NR) específica, as empresas passam a ser obrigadas a identificar e mitigar riscos psicossociais, como sobrecarga cognitiva, pressão por metas irreais e isolamento organizacional. A mudança coloca o país em sintonia com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que já classificava a síndrome de burnout como doença ocupacional desde 2019.
Para o médico nutrólogo e intensivista José Israel Sanchez Robles, a medida representa um avanço crucial. “Estamos assistindo a um reconhecimento inédito de que a saúde mental é uma questão de saúde pública, e não apenas de foro íntimo”, afirma. Ele destaca que o burnout, antes visto como um “mal corporativo genérico”, agora tem critérios clínicos bem definidos. “Não se trata apenas de cansaço, mas de uma condição que afeta o sistema endócrino, imunológico e cardiovascular, com consequências graves”, explica.
A norma também aborda um problema crescente: a solidão no trabalho. Pesquisas mostram que metade dos brasileiros se sente frequentemente isolada, um fator que, segundo José Israel, “tem impacto comparável ao tabagismo e à obesidade, aumentando riscos de transtornos psiquiátricos e doenças crônicas”.
Além de fiscalização, a NR prevê a criação de programas de prevenção nas empresas. Mas, para o especialista, a mudança real depende de uma transformação cultural. “Mais do que tratar, precisamos prevenir. Isso significa incluir a saúde mental em exames periódicos e políticas de bem-estar”, defende. “É hora de ações concretas, não apenas discursos”, conclui.