A Força Aérea Brasileira (FAB) espera concluir até o final deste ano a capacitação necessária para empregar integralmente o armamento de seu mais moderno caça, o sueco Saab Gripen E/F. A previsão foi anunciada pelo tenente-coronel Ramon Fórneas, comandante da base aérea de Anápolis, para a Folha de São Paulo. No dia 20 de março, o Tribuna de Anápolis já havia publicado sobre os testes feitos pela aeronave, que está no município.
Segundo Fórneas, a FAB receberá em breve uma atualização de software essencial para o sistema de armas do caça. Atualmente, o Brasil já opera oito unidades do Gripen, com uma nona —a primeira entregue em 2020— ainda em fase final de testes. A integração de uma nova aeronave de combate é um processo gradual. Embora o Gripen tenha sido declarado operacional em abril de 2023, ele ainda não está habilitado para utilizar seu canhão interno ou seus principais mísseis: o Iris-T (curto alcance) e o Meteor (beyond-visual-range). Apesar de o Meteor já ter sido testado na Europa, seu emprego no Brasil aguarda atualizações e treinamentos adicionais, que devem ser concluídos nos próximos meses.
Enquanto isso, a defesa aérea contra possíveis intrusos continua a cargo dos veteranos F-5, que atuam provisoriamente desde a aposentadoria dos Mirage-2000 em 2015. O 1º Grupo de Defesa Aérea, baseado em Anápolis, tem a missão crítica de proteger a região central do país, incluindo Brasília, localizada a apenas 150 km —uma distância insignificante em termos de velocidade supersônica.
Vale lembrar que o ano de 2024 marcou avanços significativos no programa. Após a certificação operacional, iniciaram-se os treinamentos de combate, primeiro entre os próprios Gripens e depois em confrontos simulados contra os F-5. Atualmente, 14 pilotos estão qualificados para operar a aeronave, incluindo um formado inteiramente no Brasil —um marco no processo de nacionalização do programa.
Um dos pontos altos do ano foi a participação do Gripen no exercício Cruzex, realizado em novembro em Natal (RN). Durante os treinamentos, o caça sueco demonstrou seu potencial ao enfrentar o renomado F-15 Eagle norte-americano, registrando vitórias e derrotas em combates aéreos simulados —cenários que viralizaram nas redes sociais.
Dos oito Gripens baseados em Anápolis, sete participaram do Cruzex, realizando até seis missões diárias. “O desempenho superou as expectativas”, destacou Fórneas, citando uma taxa de disponibilidade de 85%, indicador robusto para uma aeronave em fase de adaptação. O contrato atual prevê a entrega de 36 unidades do Gripen, sendo oito na configuração biposto. Enquanto isso, a FAB segue focada em tornar o Gripen plenamente operacional, consolidando-o como a espinha dorsal de sua defesa aérea nos próximos anos.