A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, similar à Anvisa no Brasil, anunciou a proibição do uso do corante sintético eritrosina (conhecido como FD&C Red No. 3) em alimentos e medicamentos. Fabricantes de alimentos terão até janeiro de 2027 para retirar a substância de seus produtos, em 2028 no caso dos medicamentos.
Segundo o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, a decisão está fundamentada em estudos experimentais prévios que identificaram uma associação entre o corante eritrosina e o desenvolvimento de neoplasias tireoidianas em roedores. Embora ainda não haja consenso científico sobre a transposição desses achados para humanos, a Food and Drug Administration (FDA) optou por adotar o princípio da precaução, restringindo seu uso com base na potencial toxicidade observada.
O órgão afirma que irá reavaliar a autorização caso surjam novas evidências científicas. Para José Israel, a decisão dos EUA é um alerta. “Ainda que os efeitos em humanos não estejam definitivamente comprovados, é cientificamente prudente reavaliar o uso de substâncias que apresentem histórico de toxicidade em estudos com modelos animais. A adoção de uma postura cautelosa se justifica pela necessidade de mitigar riscos potenciais à saúde humana, especialmente diante de evidências pré-clínicas consistentes”, afirma. Enquanto isso, no Brasil, a eritrosina ainda é permitida em determinadas categorias de alimentos e medicamentos, segundo a Anvisa.
O especialista destaca, ainda, que “o consumo crônico e repetido de produtos contendo esse corante pode representar um risco potencial à saúde, especialmente em grupos vulneráveis, como crianças, cuja capacidade metabólica e barreiras fisiológicas ainda estão em desenvolvimento. A exposição prolongada a aditivos com histórico de toxicidade deve ser monitorada com rigor, considerando os possíveis efeitos cumulativos e a maior suscetibilidade desse público.” José Israel observa também que o problema não está só no corante isolado, mas em seu acúmulo. “É a exposição contínua e acumulada — especialmente quando associada a outros aditivos alimentares — que pode exercer efeitos negativos à saúde”, explica.
“Seria pertinente que o Brasil acompanhasse as movimentações regulatórias internacionais e promovesse uma reavaliação criteriosa do uso da eritrosina, considerando as evidências científicas disponíveis e os padrões de consumo específicos da população brasileira. Tal iniciativa contribuiria para alinhar as políticas nacionais de segurança alimentar às melhores práticas internacionais, com foco na proteção da saúde pública”, conclui o especialista. A Anvisa, em nota, reiterou que as autorizações podem ser revistas a qualquer tempo e que irá analisar as informações apresentadas à FDA.