O acesso ao lixo que deslizou no Lixão de Padre Bernardo deve ser concluído até quinta-feira (10), segundo previsão da Secretaria de Meio Ambiente de Goiás (Semad). As equipes trabalham na abertura de uma via segura para caminhões no local onde ocorreu o desmoronamento, na área da empresa Ouro Verde. O objetivo é viabilizar o isolamento e posterior controle da contaminação ambiental provocada pelos resíduos.
A queda de lixo ocorreu sobre o córrego Santa Bárbara, afluente do rio do Sal, que abastece pequenos agricultores da região. Como o lixão está em um vale de encostas íngremes, o acesso direto era inviável. Então, os técnicos optaram por abrir passagem pelo lado menos inclinado. Também está em andamento a busca por solo mais argiloso, que será misturado com cimento para formar barreiras de contenção mais resistentes.
A estratégia inclui a construção de barramentos antes e depois da pilha de lixo para impedir que os resíduos continuem a contaminar a água. Enquanto isso, o córrego está sendo desviado com o uso de motobombas. A água é captada antes da área contaminada e devolvida ao leito natural metros adiante. Cada bomba tem capacidade para 100 m³ por hora, totalizando 200 m³/hora de bombeamento.
No combate à proliferação de moscas, a Semad lançou mão de drones para aplicação aérea de inseticida. A medida reduziu significativamente a infestação, que vinha incomodando famílias que moram próximas ao lixão. Embora os insetos não tenham sido totalmente eliminados, a situação já apresenta melhora, segundo o gerente de Emergências Ambientais, Sayro Reis.
Na tentativa de responsabilizar a empresa Ouro Verde, uma reunião foi realizada nesta segunda-feira (7), na sede da Semad. Participaram representantes do ICMBio, Ministério Público Federal (MPF), Corpo de Bombeiros e prefeitura de Padre Bernardo. A empresa se comprometeu a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com prazos para executar as medidas necessárias. A cidade de Padre Bernardo está localizada a 164 quilômetros de Anápolis. O trajeto entre os dois municípios leva cerca de 2h40 de carro.
O caso do Lixão de Padre Bernardo representa mais que um incidente isolado. Ele evidencia os riscos ambientais gerados por negligência na gestão de resíduos sólidos. A assinatura do TAC pode definir o futuro da operação de controle, mas caso não ocorra, o Estado pode intervir diretamente para garantir a contenção dos danos e a segurança das comunidades próximas.
Lixão funcionava sem licença em área protegida, diz MP-GO
O lixão que desabou em Padre Bernardo no dia 18 de junho operava sem licença ambiental e em área de preservação permanente, segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO). Em 2021, uma ação civil pública chegou a pedir a interdição do local, mas a liminar foi cassada e o funcionamento irregular seguiu.
Após o colapso, que lançou toneladas de lixo no córrego Santa Bárbara, a Semad aplicou multa de R$ 37,5 milhões à empresa Ouro Verde, responsável pelo lixão. A área foi interditada e não pode mais receber resíduos. A Semma acionou a Semad para reforçar a fiscalização e mitigar os impactos ambientais.
A secretária Andréa Vulcanis classificou o cenário como grave. “A única palavra é indignação. O chorume contaminou o curso d’água, causando danos ambientais severos.” A empresa diz estar comprometida com a recuperação da área.