A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou oficialmente o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da obesidade no Brasil. A decisão, publicada no Diário Oficial da União em 10 de junho, amplia as possibilidades terapêuticas para pacientes que lutam contra o excesso de peso, já que a substância antes era aprovada apenas para diabetes tipo 2.
Com a nova regulamentação, a tirzepatida poderá ser prescrita para adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou acima de 27 em casos de pacientes com comorbidades relacionadas, como hipertensão, dislipidemia (colesterol alto) ou pré-diabetes. O medicamento não substitui a necessidade de uma alimentação balanceada e exercícios físicos, mas surge como uma opção eficaz no combate à obesidade quando associado a mudanças no estilo de vida.
A aprovação foi baseada nos resultados do programa SURMOUNT, que avaliou a eficácia e segurança da tirzepatida em mais de 20 mil pacientes em todo o mundo. Em um dos principais estudos (SURMOUNT-1), participantes que utilizaram o medicamento por 72 semanas perderam, em média, até 22,5% do peso corporal – um resultado significativamente superior ao grupo que recebeu placebo. Outra pesquisa (SURMOUNT-5) comparou a tirzepatida com a semaglutida (outro medicamento para obesidade) e mostrou que o Mounjaro levou a uma perda de peso 47% maior.
O Dr. José Israel Sanchez Robles, médico nutrólogo e intensivista, explica que o diferencial da tirzepatida está em seu mecanismo de ação:
*”A tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, age simultaneamente em dois receptores hormonais: o GLP-1 (glucagon-like peptide-1) e o GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide). Essa dupla ação potencializa a sensação de saciedade, regula o apetite e melhora o controle glicêmico, o que é fundamental para pacientes com obesidade, especialmente aqueles que sofrem com o ‘efeito sanfona’.”*
Ele ressalta, no entanto, que o medicamento não é uma solução mágica:
“Embora seja uma ferramenta poderosa, o tratamento deve ser feito com acompanhamento médico, incluindo avaliação clínica regular, ajustes na dieta e prática de atividade física. O uso sem orientação pode levar a efeitos adversos, como náuseas, constipação e, em casos raros, pancreatite.”
Atualmente, o Mounjaro está disponível no Brasil em doses de 2,5 mg e 5 mg, aplicadas semanalmente por meio de canetas autoinjetoras. O Dr. José Israel reforça a importância do monitoramento médico:
“O tratamento deve ser individualizado, com acompanhamento contínuo para avaliar resposta terapêutica e possíveis efeitos colaterais. A obesidade é uma doença complexa, e o Mounjaro é mais um aliado, mas não substitui hábitos saudáveis.”
Com a aprovação da Anvisa, o medicamento passa a ser uma alternativa segura e eficaz para milhares de brasileiros que enfrentam dificuldades no controle do peso, oferecendo novas perspectivas no combate à obesidade e suas complicações.