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Pesquisa liderada por Goiás investe em espécies nativas para recuperar Cerrado e Pantanal

Com apoio da Fapeg e da Capes, projeto desenvolve soluções sustentáveis para restaurar biomas e gerar valor econômico com plantas nativas


Redação Tribuna do Planalto Por Redação Tribuna do Planalto em 19/06/2025 - 08:58

Pesquisa, que visa restaurar o solo e a vegetação nativa, investe na produção de biomoléculas com potencial econômico para aplicação nas indústrias cosmética, alimentícia e farmacêutica (Foto: Divulgação Fapeg)

Goiás lidera uma ampla rede de pesquisa voltada à recuperação ambiental de áreas degradadas no Brasil. O projeto tem como foco selecionar, aprimorar e acelerar o crescimento de mudas de espécies nativas do Cerrado e do Pantanal, tornando-as mais tolerantes a condições adversas e mais eficazes na restauração desses biomas. A iniciativa é coordenada pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano).

Além do IF Goiano, participam da pesquisa 13 programas de pós-graduação da instituição, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Rio Verde (UniRV), Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A proposta foi uma das quatro apresentadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) aprovadas no edital 12/2023 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), dentro do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG Centro-Oeste).

O projeto conta com R$ 6,25 milhões em financiamento, sendo R$ 1,25 milhão da Fapeg e R$ 5 milhões da Capes. Além da restauração do solo e da vegetação nativa, a pesquisa investe na produção de biomoléculas com potencial econômico para aplicação nas indústrias cosmética, alimentícia e farmacêutica. A proposta busca criar um modelo de restauração produtiva, que una conservação da biodiversidade à geração de renda para comunidades locais.

Entre as inovações tecnológicas, estão a análise de sementes com imagens de raio-X, RGB e multiespectrais, garantindo maior qualidade no plantio; o desenvolvimento de bioinsumos adaptados a condições extremas; a criação de um banco de germoplasma com microrganismos e plantas nativas; e a implantação de áreas experimentais permanentes para validação de protocolos de restauração. As espécies selecionadas devem aliar capacidade de regeneração ambiental a valor econômico, incluindo produção de óleos essenciais, antioxidantes e frutos para elaboração de farinhas, polpas, bebidas e suplementos.

“Queremos elevar a eficiência da recuperação ambiental, encurtar o tempo de resposta da natureza, gerar produtos sustentáveis e formar profissionais altamente qualificados para atuar com os recursos genéticos do Cerrado e do Pantanal”, afirma a coordenadora do projeto, professora Juliana de Fátima Sales, do IF Goiano. Ela destaca que o avanço das políticas públicas, a colaboração entre instituições de ensino e o engajamento comunitário têm contribuído para transformar o cenário da restauração ambiental no Centro-Oeste. Dados do MapBiomas indicam que Goiás registrou queda de 71% na perda de vegetação nativa em 2024, o que reforça a urgência e a relevância de iniciativas voltadas à sustentabilidade, como essa pesquisa.

O projeto aposta na recuperação de áreas degradadas com espécies nativas que, além de restaurar o solo e a biodiversidade, possam fornecer alimentos, madeira e biomoléculas, conectando a restauração ecológica a cadeias produtivas sustentáveis. Entre as soluções estudadas estão os sistemas integrados de produção agropecuária, que combinam espécies florestais, agrícolas e forrageiras numa mesma área, aumentando a diversidade econômica e a geração de empregos por hectare. Essa abordagem favorece o desenvolvimento regional e a inclusão produtiva.

No aspecto social, comunidades locais e produtores rurais serão beneficiados com capacitação técnica, geração de renda, novos postos de trabalho e valorização do conhecimento tradicional. A formação de profissionais ocorre em todos os níveis, de técnicos a pós-graduados, com foco na aplicação prática dos conhecimentos gerados. A complexidade dos sistemas produtivos demanda atuação conjunta de engenheiros florestais, agrônomos, veterinários e zootecnistas, fortalecendo as cadeias locais.

A pesquisa também prevê a criação de um banco de germoplasma especializado e de duas áreas experimentais permanentes, que devem contribuir para o avanço da ciência aplicada e ampliar a escalabilidade das soluções. O uso de tecnologias como sensores, hidrogel e microrganismos regionais permitirá o desenvolvimento de modelos replicáveis e acessíveis. A formação de mão de obra especializada é um dos compromissos centrais da iniciativa, com oferta de capacitações em diversas regiões do Centro-Oeste.

Além de fomentar a ciência aplicada, o projeto fortalece os programas de pós-graduação e promove a interiorização da pesquisa, aproximando as universidades da realidade produtiva dos biomas. A expectativa é que as ações se expandam para outras regiões e sirvam de referência nacional e internacional. A recuperação de áreas degradadas torna-se, assim, um vetor de inovação, conectando biodiversidade, soberania alimentar, sustentabilidade econômica e inclusão social.

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