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Fraude no INSS afeta aposentados com descontos sem autorização

Operação da PF revela esquema bilionário que retira valores de benefícios sem consentimento dos segurados


Redação Tribuna do Planalto Por Redação Tribuna do Planalto em 24/04/2025 - 18:42

Operação Sem Desconto expõe esquema que aplica descontos indevidos em aposentadorias do INSS. Foto: Polícia Federal
Operação Sem Desconto expõe esquema que aplica descontos indevidos em aposentadorias do INSS. Foto: Polícia Federal

Fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) se tornou o centro de uma nova investigação federal que já movimenta o cenário previdenciário brasileiro. A Operação Sem Desconto, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), apura um esquema que pode ter desviado R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. O golpe ocorre por meio de autorizações fraudulentas para descontos associativos, aplicados sem o consentimento dos beneficiários.

Além disso, o afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, reforça a gravidade da situação. Segundo o advogado Jefferson Maleski, especialista em direito previdenciário, essas cobranças acontecem sem qualquer autorização formal. “Não existe desconto tácito. O aposentado precisa autorizar expressamente qualquer cobrança. Caso contrário, é ilegal”, afirma. O problema, então, está na ausência de fiscalização sobre convênios firmados entre o INSS e associações diversas.

O golpe funciona de forma silenciosa, mas com danos reais. Associações firmam acordos com o INSS, sem comprovar autorização dos segurados, e os descontos aparecem mensalmente no extrato dos benefícios. “O mais comum é o aposentado nem perceber o valor subtraído. Quando descobre, já perdeu muito dinheiro”, explica Maleski. Em muitos casos, os descontos vêm de associações de outros estados — um aposentado em Goiás pode ser cobrado por uma entidade no Paraná, por exemplo.

Mas o que fazer diante da fraude no INSS? O primeiro passo, segundo o advogado, é acessar o aplicativo ou site do Meu INSS e verificar o extrato detalhado. “Se houver desconto com nome de entidade desconhecida, é preciso solicitar o cancelamento imediato no próprio sistema”, orienta. No entanto, apenas cancelar não basta. Para reaver os valores e buscar reparação por danos morais, é preciso entrar com ação judicial, com o apoio de um advogado especializado.

Acima de tudo, é necessário revisar urgentemente o sistema de validação das autorizações. Hoje, quem lucra com os descontos é quem valida os documentos — as próprias associações. Para o especialista, o INSS deve suspender todos os descontos em andamento e criar um mecanismo seguro e transparente. Caso contrário, além de prejudicar milhões de beneficiários, o órgão poderá ser responsabilizado judicialmente pela omissão. Desde já, é essencial que aposentados fiquem atentos e saibam como agir para proteger seus direitos.

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