A Prefeitura de Anápolis apresentou os dados do 1º quadrimestre de 2025 em audiência pública na Câmara, revelando cenário fiscal apertado. A arrecadação total caiu 14,4% em relação ao mesmo período de 2024, passando de R$ 750,3 milhões para R$ 642,3 milhões. A receita tributária teve crescimento nominal de 6,14%, mas foi praticamente estável em termos reais (0,78%).
Itens importantes como IPTU (-1,23%), ISS (-3%) e ITBI (-4,81%) tiveram queda. Houve recuo também nas transferências correntes, com destaque para ICMS (-5,80%) e Fundeb (-6,96%). Segundo o secretário de Economia, Marcelo Olímpio, parte dessa redução se deve à falha no envio de informações ao Estado e à União pela gestão anterior, o que reduziu os índices de repasse do ICMS (de 5,41% para 4,63%).
O município também enfrenta um endividamento elevado: o total da dívida consolidada chega a R$ 1,749 bilhão, sendo R$ 305 milhões de curto prazo (restos a pagar, precatórios) e R$ 1,443 bilhão de longo prazo (empréstimos e parcelamentos). Operações de crédito contratadas em gestões passadas, muitas com taxas de juros consideradas abusivas, aumentaram fortemente o serviço da dívida, que saltou de R$ 29 milhões no 1º quadrimestre de 2024 para R$ 54 milhões no mesmo período de 2025.
Em 2024, Anápolis encerrou o ano com déficit primário de R$ 268 milhões, o maior entre os municípios goianos em valores absolutos — superior até ao da capital Goiânia. Em 2025, a gestão afirma ter adotado cortes e ajustes: houve redução de 19,94% no custeio da máquina e economia de cerca de R$ 60 milhões no quadrimestre. Foram cortados cargos comissionados em 32% (de 1.046 para 721).
Mesmo com as restrições, o município manteve aplicação acima do mínimo constitucional em saúde (24,63%) e educação (27,42%). Ainda assim, a situação limita investimentos: obras como a Ponte Estaiada estão paradas por falta de recursos, e o município depende de emendas e convênios para novos projetos.
A prefeitura anunciou medidas para melhorar a arrecadação sem aumento de impostos, como cobrança de inadimplentes e programas de incentivo ao registro de escrituras com desconto no ITBI. Também projeta renegociar dívidas para reduzir juros e prazos, com objetivo de reverter o CAPAG (Capacidade de Pagamento) de nível C para B.
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